


Gráficos 3D permitem criar imagens muito mais elaboradas e animações muito mais realísticas. O problema é que eles exigem muito poder de processamento. É possível usar o processador principal para renderizar imagens 3D e, de fato, muitos jogos antigos rodavam mesmo sem uma placa 3D instalada, usando renderização via software. O problema é que o processador principal é otimizado para processar instruções sequenciais, o que faz com que ele tenha um desempenho muito ruim ao assumir a tarefa, na maioria dos casos inferior até mesmo ao de uma placa 3D integrada.
Os processadores gráficos incluídos nas aceleradoras 3D são otimizados para o processamento de polígonos, shaders, aplicação de texturas, efeitos de luz e assim por diante, oferecendo um desempenho brutalmente superior. Isso permite que o processador principal se encarregue de executar o aplicativo e cuide das etapas que exijam processamento, deixando a parte pesada da renderização da imagem e a aplicação das imagens para a placa 3D.
Hoje em dia, mesmo chipsets de vídeo integrados possuem recursos 3D (em muitos casos superiores aos de placas de 4 ou 5 anos atrás) e as placas dedicadas muitas vezes possuem mais poder de processamento e mais memória que o resto do PC.
O chipset GT200, usado nas GeForce 2xx, por exemplo, possui nada menos do que 1.4 bilhões de transistores, quase o dobro de um Phenom II X4, que possui “apenas” 758 milhões. A GeForce GTX 295 utiliza dois chipsets GT200, o que eleva o total para quase 3 bilhões de transistores, combinados com 1792 MB (não são usados 2 GB completos devido ao barramento de 448 bits) de memória RAM. Outras placas já adotam o uso de até 4 GB de memória, em uma corrida que está longe de acabar.
Além da questão do custo, isso traz à tona também a questão do consumo elétrico e do aquecimento, que fazem com que a maioria das placas de alto desempenho adotem o uso de um layout dual-slot, onde um blower sopra o ar quente diretamente para fora do gabinete:
A diferença principal entre um exaustor e um blower é que o exaustor empurra o ar para baixo, enquanto o blower o espalha na horizontal. Essa peculiaridade permite que o cooler seja mais fino, o que é muito importante no caso de uma placa de vídeo.
Uma placa como a GeForce GTX 285 consome mais de 150 watts em full load (placas dual-GPU como a 295 se aproximam da marca dos 300 watts), o que faz com que a placa utilize não apenas um, mas dois conectores de força PCI-Express, de forma a obter toda a energia necessária. O alto consumo gera uma série de gastos adicionais (além do custo da placa em si), incluindo uma fonte de melhor qualidade e o gasto mensal com eletricidade. Em um PC que fica ligado 12 horas por dia, uma placa 3D que consome 150 watts representa um gasto anual de quase 360 reais.
O outro lado da moeda são as placas 3D onboard, sobretudo as versões mobile. A GeForce GeForce 9400M usada no nVidia ION, por exemplo, tem um consumo típico inferior a 8 watts (o chipset inteiro, incluindo o chipset de vídeo consome 12 watts), o que é bem pouco se considerarmos que ele possui 16 stream processors e é capaz de decodificar vídeo 1080p com codificação H.264.
Chipsets mais simples, como as GMA 900 usadas nos chipsets Intel Mobile antigos podem consumir abaixo da marca de 1 watt ao rodar aplicativos leves. Naturalmente, o desempenho destas placas não se compara com o de placas dedicadas mais parrudas, mas mostra que placas 3D não precisam necessariamente ser gastadoras. Tudo depende da arquitetura e do desempenho que se pretende obter.
Chipsets de vídeo puramente 2D estão hoje em dia restritos a dispositivos muito mais simples, como palmtops e celulares e, mesmo nesses últimos nichos, já enfrentam concorrência de chipsets 3D de baixo consumo. Um bom exemplo é o PowerVR SGX usado no iPhone 3GS, um chipset de baixo consumo relativamente poderoso (com um fill-rate de 250 megapixels e suporte a shaders), que é integrado diretamente ao SoC principal, que inclui também o processador ARM Cortex A8 e diversos outros controladores menores.
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